O Pensamento Em Ação Pensar a vida vivida é perceber a existência de um percurso. A infância e juventude compõem um processo que leva o sujeito à velhice enquanto realiza ações de manutenção da vida. Os bens úteis e as ideias aí surgem e se aperfeiçoam nesse trajeto, meio às contraposições das exigências dos espaços e dos tempos diversos, figurados como contingências e conjunturas. O caminho que se abre nessa construção da trajetória da vida é norteado pela origem, ao se constituir em âncora e plataforma. A partir desse fundamento, sabemos quem somos e nos estimulamos para a busca. O olhar que fixa o futuro é o mesmo que procura o passado como alvo de redenção, porque a segurança só se afeiçoa concretamente no já realizado: o berço é a base. Retornar ao já vivido por meio das aventuras da razão, em exercícios permitidos pela pesquisa das ciências, é deparar-se a outros gostos e sabores, a outras vontades que foram estimuladas pela conquista de bem-estares sociais. Este encontro dos tempos, do hoje com o ontem, não se processa de forma gratuita, para mero devaneio de visitantes. Neste encontro, o essencial é a ressonância. A vibração intensiva que faz a vida ser ativa, ser ato de procura de uma forma superior de viver, ao ganhar mais potência e expandir ainda mais a liberdade, no convencimento de que o momento em que atuamos (o presente) equilibra-se na experiência do passado. Esta é a natural caminhada da sobrevivência que ora se envolve em ritos de paixão e emoção, de riso e de choro, ora em luta e em lazer. Aquele futuro, que divisamos a partir dessas experiências do presente e do passado, emerge da emoção que nos atravessa num instante iluminado, extinguindo a monotonia, fazendo surgir à necessidade do recomeço, como que restaurando o infinito por recomeçar e tornando novo aquele que reinicia ao reconhecer o valor do passado e levá-lo em conta. Nesse elo que sintoniza passado, presente e futuro, a vida se elabora como retorno, porque contempla e considera o passado para caminhar em frente. Isso, contudo, não autoriza se afirmar que a vida é apenas reprodução, permanente imitação do mesmo. Ela, a vida, é, a um só tempo, repetição e singularidade, ela se realiza em compromisso com o constituído e se abre às possibilidades do novo, do que pode ser criado. Fazer é, então, um refazer-se que amplia a variação do grau de enlace com o universo. Perde-se a graça por que a vida é um contínuo, é uma sucessão? Não. Ela se encanta por isso mesmo, sendo e transformando-se. O que salta dessa imagem da vida como retorno é a grandeza infinita das faces que emolduram as probabilidades da existência humana. Nada que é feito por nós está pronto por absoluto, há sempre um quê de inacabado em cada proeza, o que projeta o homem como construtor de si mesmo nessa tarefa de viver no mundo histórico. As experiências vividas atualizam-se e ganham utilidade no presente ao libertar novas significações não compreendidas antes, quebrando-se aí a descontinuidade alienante do processo histórico, o que nos coloca num eterno campo de busca. É dessa base de discussão que surge a importância do conhecimento histórico, que é uma compreensão de aspectos particulares da totalidade social, conhecimento este que quer saber como os homens em culturas diferentes e com outros meios lutaram por seus valores de liberdade, direito, justiça. É nessa perspectiva que a historiadora Maria Aparecida Baccega afirma: [...] buscando compreender o passado como construtor de nosso
presente, o qual já traz em si o futuro, avalia, interpreta como ocorreram as transformações do homem no seu relacionamento com o mundo no processo de construção das sociedades. Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 02/08/2018
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