Aprender
Despertando o conhecimento.
Na aprendizagem, duas questões ganham importância: como podemos saber sobre os dados de nossa existência e agir para despertar a criatividade que há em cada um de nós? Ao longo da história do pensamento, encontramos diferentes teorias a respeito destas duas questões. Num momento, havia um fundamento sustentando que o homem nasce portando um repositório de informações, saberes inatos, que seriam despertados no decorrer da existência individual. O filósofo Platão (428-347 a.C.) é o pai dessa doutrina das ideias inatas. Em Platão “conhecer é recordar”. A proposta é estimular o educando a abandonar o “mundo das sombras” para conhecer a “luz”, a realidade em seu entorno. Noutro instante, diferentemente da doutrina das ideias inatas, um dos mais importantes filósofos ingleses modernos, John Locke (1632-1704), defendeu a tese de que nascemos como uma folha em branco, somos no nascimento uma “tábula rasa”, que vai ganhando caracteres, compondo-se no que somos, na medida em que vivemos e temos experiência de mundo. Estamos diante da doutrina empirista. Em Locke é preciso estimular a formação de ideias sobre o mundo, pela simples sensação do contato direto ou pela reflexão teórica, este sendo um modo mais complexo de apreender o mundo Mais tarde, entre nós, aqui no Brasil, desponta-se o grande pedagogo, Professor Paulo Freire (1921-1997), que apresenta um conceito esclarecedor para a Teoria do Conhecimento, com sua “Pedagogia do Oprimido”, de princípios marxistas (Karl Marx – 1818-1883). Freire defende que a educação deve permitir que os oprimidos possam recuperar o seu senso de humanidade e, por sua vez, superar a sua condição, na consciência de que o indivíduo oprimido deve desempenhar um papel na sua libertação, ou seja, os oprimidos devem ser o seu próprio exemplo na luta pela sua redenção. Dentro desse princípio, afirma o Professor Paulo Freire: “Aprender é construir, reconstruir, constatar para mudar [...]”. Num ou noutro momento, sob a doutrina das ideias inatas, das empiristas ou das marxistas, o fato é que todos vivemos uma cotidianidade e é preciso a sociedade presente contribuir para inserção de cada indivíduo nesse universo cotidiano, despertando adequadamente a potência de que todos somos dotados, para elevar nosso domínio sobre os saberes que possam conduzir a sociedade dos homens a se tornarem menos cruéis e mais fraternas: “Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la”. Cícero (107-43 a.C.).
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 04/04/2020
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |