Emoções
Auscultar sons, perceber ritmos e sentir coloridos é ouvir e ver o universo e sua harmonia. Eis a fonte da inspiração poética, eis o espaço em que a poesia ganha vigor e vivifica as emoções.
É no corpo das emoções que a poesia emoldura imagens não reveladas em figuras, porque elas, as poesias, são desenhadas em sons, ritmos, cores e nas emoções postas à luz da arquitetura do texto poético, na sequência das frases, no ritmo incitado na direção de uma áurea sentimental. Ah! As poesias! Que se pode dizer delas, se são sentimentos! Sentimentos estes que se refugiam no sonho, no devaneio, que se rebelam em ficar no passado, lugar de doce recolhimento da nostalgia. Esse passado que ressurge na lembrança inquieta, a desassossegar o presente, é uma meditação sobre outro instante, e aí a realidade da alma sente, sofre, se alegra, e ela, a alma, rompe a barreira do tempo e parece ver o que já fora visto antes, parece sentir o que já sentira antes. É isso mesmo ou é só uma mensagem incerta a criar imagens descomprometidas de calendários e geografias? Frivolidade da alma? Devaneio a navegar para além de questões sensíveis? Eis o tempo puro do prazer sem culpa! Embora isso, não há vida sem o lugar de repouso, sem a clausura que acolhe e reconcilia, sem um abrigo, sem um quê a guardar a sublimidade de afetos positivos presentes nos risos, nas esperanças, nas lembranças. Eis o mistério da poesia! E o que parece sinalizar, por fim, a poesia, senão as emoções reveladas em risos, esperanças e lembranças? Eis o mistério da vida! Precisamos disso para crescer nossa humanidade e poder emocionar com a grandeza do humano que somos. Eis o mistério do infinito! É no humano que as emoções ganham realidade.
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 10/04/2020
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