Antonio Pereira Sousa

"Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas." (Carlos Drummond de Andrade)

Textos

Esperança (II)
Viver o sonho.
Existimos agora neste instante e nada se pode fazer a não ser viver este momento, com toda a nossa energia.
A existência traz em si a experiência de um mundo que transcorreu, de um tempo anterior irrevogável, que não pode ser anulado.
Esse tempo anterior é passível, tão somente, de ser entendido, porque repositório de informações que permitem ao presente revisar-se em suas ações.
O presente, no entanto, somente ganha vigor se a vida for ação, se a vida se constituir numa busca de realização de sonhos traçados agora, com os materiais do tempo presente, mas com o olhar no amanhã. Não fazer isso, não se comprometer na construção de um tempo futuro, é mergulhar-se em miragens que, seguramente, não criará o novo e amargará no desaparecimento dentro de um paroxismo de conflitos.
Ora! É preciso viver os sonhos, mas fazê-lo sustentado em esperanças, na consciência de que se poderá estabelecer um tempo novo de recompensas e conquistas, como resultado de uma busca incessante e cotidiana, mas reconhecendo, sempre, que há limites e frustrações à frente a serem superados.
A esperança, então, seria uma espécie de caminhada para realização de sonhos, mas caminhada dentro da noite, em face da variedade dos contratempos encontrados nos trajetos.
A luzes que iluminam as caminhadas, por sua vez, são múltiplas e estão postas à discussão, todas elas, contudo, podem ser reformadas, fortalecidas ou enfraquecidas, na dependência de questões e encaminhamentos do novo tempo.
A escolha do caminho e do modo de ação remetem ao campo da consciência. Há necessidade de domínio vigoroso de conhecimento de objetivos a serem alcançados e das habilidades imprescindíveis para lidar com as exigências de cada tempo.
A grande esperança repousa na ideia de que estamos, ao agir, predeterminando a própria vida, procurando garantir, dentro do mundo social, uma autonomia e uma liberdade.
A base da esperança parece ser mesmo a ação, dado que inexiste outra maneira de continuar sendo o que somos, sociedade em construção. O filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980) diviniza a ação humana, de busca de sua autonomia e liberdade, ao afirmar:
“O homem nada mais é do que aquilo que ele faz a si mesmo.”
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 12/04/2020
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