Antonio Pereira Sousa

"Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas." (Carlos Drummond de Andrade)

Textos

Imensidão
O mundo é imenso, infinito.
A nossa Terra é um pequenino planeta que pertence a uma pequena galáxia, a Via-Láctea. A Via Láctea é uma galáxia composta de pelo menos duzentos bilhões de estrelas, embora alguns acreditem que o número destas esferas pode chegar a quatrocentos bilhões. Os números espantam mais ainda quando se sabe que no universo, estimativamente, há 100 bilhões de galáxias e, todas elas, maiores que a nossa pequena Via Láctea.
Essa imensidão alucinante do universo transforma tudo aqui na Terra em miniatura. Na pequenez tão diminuta de tudo que aqui há, frente a imensidão do universo, tudo parece insignificante. Mas aqui estamos nós, a espécie humana. Foi no Homem que surgiu uma outra dimensão grandiosa, bem maior que o universo repleto de galáxias: a consciência de si.
Nós sabemos que vivemos e sabemos que, em nosso entorno, as demais coisas, todas elas, nas suas imensidões infinitas, movimentam-se sem ter conhecimento que elas têm existência. Nós sabemos que nós existimos, as demais coisas não sabem disso. Toda essa imensidão só existe porque nós existimos.
Nós somos a consciência do universo. Grandiosidade maior não há. Sem nós, o vazio absoluto se estabelece. Fundado nessa razão, nossa miniatura é uma condensação do todo, somos uma síntese da imensidão e, em nós, o universo pulsa, estimulando nossa imaginação, aumentando ilimitadamente nossas imagens da imensidão.
Porque nesta vastidão, o domínio verbal das formas e dos modos de ser do universo inteiro é ainda uma impossibilidade para nós, resta-nos a meditação poética a postular explicações de tudo que há, a partir de nós mesmos, porque, como afirma o pensador e poeta Charles Baudelaire (1821-1867), O destino poético do homem é o de ser o espelho da imensidão.
Mesmo embriagados com toda essa paisagem em sua imensa extensão, vendo o tempo físico nos arrastando e o tempo social nos iludindo, auscultamos os sinais da eternidade no movimento da história, nas pequeninas e inusitadas respostas de homens que se abraçam como irmãos e se reconhecem como senhores do mundo e portadores das chaves do universo.
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 30/04/2020
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