Mistério
O mistério é o não sabido. É o desenho sem definição de perfis. É o colorido que se mistura em tons a confundir o deleite. Estamos, a todo instante, na ação, conhecendo, descobrindo, num permanente desvelar de novidades, num reconhecimento de invisibilidades, mundos de coisas e seres que nem imaginamos sua existência. Coisas e seres somente notados na insistência da busca. Esse desconhecido é o dado misterioso. Eis a confissão de que conhecemos muito pouco de tudo que há. A existência de coisas e seres, alheia a nossa consciência e saber, é mesmo uma invisibilidade, universo ainda sem cores, sem formas, longe de nossas emoções e descrições, mas presença estimuladora de nossa intuição. Esse universo fabuloso, que comparece dentro de nosso universo intuitivo, comanda os nossos desejos de querer, de ser, de ter e de dominar para além das ofertas e possibilidades do tempo presente. O mistério é mesmo um mundo imaginado, velado pela invisibilidade, é como a face reversa do mundo real, este habitado por todos nós. Esse mundo imaginado ganha tal grandeza em nossa consciência, respondendo a nossas sensibilidades, que, em muitas vezes, ele se faz matriz orientadora de nossas ações, porque viver o imaginário é se insinuar em projetos futuros, em esperança de realizar conquistas e antever lugares adequados, longe das dores que impedem ou limitam as decisões. Esse mundo imaginado está na vida de cada um de nós. É um universo aberto ao olhar de quem deseja ver mais e viver mais, antecipando as cores que se almeja ver no mural da vida, à moda dos sonhos, configurados como mistérios. Viver sonhos é vivenciar os mistérios através da imaginação. Nesse jogo, a vida ganha colorido e se insinua a aventuras inimagináveis a desfazer mistérios, retirando-os da invisibilidade e ao torná-los entes do domínio dos saberes. É desse lúdico sonho que festeja nossa alma que nós nos alimentamos para enxergar melhor o mundo vivido e ter energias para reverter cansaços em vitórias. Estamos no dever de reconhecer a existência de mistérios como porta de entrada do mundo imaginado, lugar da perfeição e do encantamento.
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 30/09/2020
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