Antonio Pereira Sousa

"Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas." (Carlos Drummond de Andrade)

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       Lugares e tempos. Esse é o nosso condicionamento irrevogável. Os lugares e os tempos nos envolvem permanentemente e por toda a vida. Vivemos nessa conjunção de lugares e tempos.
Surgimos num dado lugar e já encontramos aí um modo de vida específico, uma tradição, um tempo humano com certo padrão, mas em permanente mudança. Há mesmo uma conjunção de lugares e tempos na vida humana.
Nesse princípio, colhemos a materialidade dos lugares, subtraímos aí as energias presentes nos bens, que são transformados em alimentos e em tudo mais de que nos servimos para ter a vida que temos, com nossas casas, nossos meios de transporte e de comunicação.
Nessa base de materialidade, há sobreposta um outro dado, a face superorgânica, o tempo, que vai permitir a conjunção de lugares e tempos que, em simbiose, nos acolhe nas suas possibilidades físicas e nos condicionamentos de cultura e ideologias. Somos de um espaço e de um tempo. Pensamos, agimos e reagimos a partir dessas duas bases unificadas: lugares e tempos.
Em nós humanos, essa conjunção de lugares e tempos afeta nosso agir. Importa dizer que nossa liberdade está enlaçada dentro dessa conjunção. O que poderia parecer uma resolução livre, manifestação da vontade pura de cada um de nós, não passa de uma amostra do tempo e do espaço por nós vividos, com as diferenças que a interpretação individual confere.
O modo de agir de cada um de nós, surgido de lugares e tempos mais diversos, é sintetizado na alma, ganha diferentes expressões de valores que se harmonizam aqui, divergem ali, fazendo surgir energias positivas num instante e negativas noutros.
Eis o mundo humano. Somos esses lugares e esses tempos. É aqui nossa morada e nosso espaço de construção da vida social. Estamos por nossa conta. A ordem e a desordem que acontecem nos lugares têm muito do modo como agimos nos espaços.
A ordem e a desordem que acontecem nos tempos têm muito do modo como agimos no social.
Eis a reciprocidade. A conjunção de lugares e tempos agem sobre os homens e, como resposta, os homens agem sobre os lugares e tempos e, nessa reciprocidade, tudo vai se constituindo.
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 14/10/2020
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