Paradoxo
Quando dizemos que o riso é uma coisa séria, estamos usando uma figura de linguagem chamada paradoxo. O aparente absurdo de uma expressão como esta – o riso é uma coisa séria – é logo desfeito, porque essa expressão ganha força de verdade.
O riso responde a um momento de alegria e isso não é uma brincadeira. Ao acontecer um instante de ternura, que nos invade a alma em encantos e sublimidades, nada mais resta a não ser alegrar-se grandemente e com isso deixar o riso aparecer. Um paradoxo, então, é uma sentença ou uma ação que é ou parece contrária à lógica, é uma espécie de contrassenso, um disparate, mas ganha sentido ao demonstrar uma veracidade.
Um exemplo? A obsessão da velocidade e o congestionamento do trânsito são um paradoxo da vida moderna. Há tantos outros paradoxos presentes no dia a dia de todos nós e de tal modo isso é verdade que podemos até afirmar que a vida é um belo paradoxo. Há alegrias e imensos sofrimentos. Há coloridos e cantos embelezando a vida e há ruídos e destruições a perturbar a paz. Há gestos de pura bondade e há ações de severas maldades... A vida de cada um de nós não é somente uma ilha de cantos e de alegrias, nem apenas um espaço de virtudes. As contraposições estão presentes em todos os nossos dias: a serenidade e a contundência; o bom-humor e o azedume; a alma alegre e a deprimida; o ato de colaboração e a indiferença. Porque sabemos existir todas essas contraposições, temos a nosso favor a consciência de que a vida precisa de muitos cuidados, sem o que, os paradoxos impedirão a boa decisão. Importa reconhecer que sem a existência de paradoxos a vida perderia sua grandeza, pois a dúvida deixaria de existir, tudo seria fácil e os saberes não se desenvolveriam, como bem reconhece o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900): “A sabedoria é um paradoxo. O homem que mais sabe é aquele que mais reconhece a vastidão de sua ignorância.” Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 06/12/2020
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