O sagrado.
Pode-se dizer que o sagrado é algo pelo qual nós fazemos algum sacrifício. Para esse termo, no entanto, há um mundo de outros significados, sobretudo, ligados a questões de cultos ou ritos religiosos.
Importa afirmar, que o sagrado é tudo aquilo que deve ser respeitado grandemente. Exemplo: o lar é um espaço sacrossanto. Os poetas vão além, como se a divinizar a sacralização. O teólogo e educador Rubem Alves (1913-2014) exprime essa ideia: “Quem experimenta a beleza está em comunhão com o sagrado”.
A sublimidade do sagrado é conduzida para o plano da secularização porque nós, os humanos, precisamos reconhecer a existência de um horizonte de esplendor, lugar divinizado, ali onde as ações têm a ver com o bem-estar geral, nos limites do bom, do belo e do justo, que se traduz no atendimento de necessidades básicas de cada pessoa. Secularizando-se a vida, deixando-se o campo da transcendência, o termo sacralização é a marcha e a consciência que instituem resultados alegres.
Sabendo-se que somos seres de necessidade, é preciso buscar a manutenção de si, e aí acontecem os embates. Surge aí, no seio dessas contraposições, o imperativo de ter de pensar a melhor forma de conduzir as ações, uma melhor maneira de viver na individualidade e no coletivo.
O parâmetro é o bem.
O sagrado surge, efetivamente, nesse percurso da vida em ação, por se reconhecer que há conquistas de tal valor, que se tornam fundamentos de vida, princípios de tais grandezas que são necessariamente invioláveis.
Legitimar esses fundamentos no coletivo é um trabalho que fica na responsabilidade de diferentes esferas do social: o Lar, a Escola, a Igreja etc. É a formação de uma cultura que entra em jogo.
O acolhimento desses princípios, que se constituem em base e moldura da sociedade, deve enraizar-se de tal modo na alma de cada pessoa que ela se sinta iluminada e dignificada em praticar e defender esses fundamentos, tornando-os sagrados.
Reconhecido o valor sagrado construído no labor do tempo, em sua feição de princípios e fundamentos, cabe ações visando assegurar sua permanência e durabilidade, de modo que ele (o sagrado) se transforme em plataforma de sustentação de caminhadas transformadoras e criadoras de novos benefícios e, numa espiral, caminharemos em busca de novos fundamentos e reificamos um novo sagrado.